I
minas é assim
inteira, intensa
dentro e fora
minas é assado
ferro e fogo
em cima e embaixo
minas se reescreve
e se refaz
em aço e chama
minas se orna
e soa longe
qual ferro em bigorna
II
minas são caminhos
que sempre levam além
minas são veredas
que sempre trazem améns
minas são atalhos
que sempre apitam o trem
minas são minérios ausentes
sempre na memória de alguém
III
minas é uns tempos
fora e dentro
cada um
no seu mais vagar
porque os tempos de minas
não têm pressa
nem no passo
nem no olhar
porque quem está diante
sabe que dia e noite
chegam sempre sem tardar
porque em minas é para sempre
hora de aconchegar
IV
assim como quem espreita coração
minas deixa escorrer um sangue bom
e veste com ele
sua imensa humanidade
clara ampla infinita
que cabe no prato tropeiro
ou no abençoado pão feito de queijo
minas é assim
futuro e espera
granito e metamorfose
oco e vazio
preenchidos de lânguidos
perdidos
aflitos olhares
minas é um grito um choro um riso
e uma pequena
imensa
palavra
paisagem
chamada
montanhas
e lá fora
ou aqui dentro
dentro e fora
de qualquer corpo
ou
copo
minas sempre nasce para além
e nos seus particulares
sempre cresce para os gerais
minas... há mais!
SÃO PAULO, AGOSTO, 2007